Prefeito diz que investiga participação de dois vereadores que participaram de manifestações recentes na região e na ponte do Baquirivu
O prefeito Sebastião Almeida apontou “incitação política” por parte de alguns vereadores na origem do violento protesto que fechou a Avenida Jamil João Zarif, na sexta-feira (18) e chegou a ameaçar os aviões do Aeroporto de Guarulhos.
Ele não citou os nomes dos supostos vereadores, mas disse que a participação deles está “sendo apurada”.
Uma fonte ligada ao prefeito mencionou que os vereadores supostamente envolvidos seriam Elmer Japonês (PSC) e Eduardo Barreto (PCdoB). Ambos negaram ao DGqualquer envolvimento.
Elmer admitiu, no entanto, que participou de reuniões anteriores com os moradores que exigiam asfaltamento das ruas do bairro, mas negou envolvimento nos tumultos do dia 16.
Eduardo disse que nem mesmo participou de qualquer reunião sobre asfaltamento. Ele tem criticado apenas o fechamento da ponte sobre o Rio Baquirivu, perto do Aeroporto.
Almeida disse nesta quarta (21) que se surpreendeu com o protesto de sexta, pois a Prefeitura já tinha fechado acordo com os moradores na manhã daquele mesmo dia 16 para asfaltar as ruas.
O protesto gerou um conflito com a polícia, o que provocou uma batalha campal no bairro, especialmente depois que um grupo de manifestantes roubou uma carga de rojões de uma loja de fogos e passou a dispará-los em direção aos policiais e até aos aviões que pousavam.
Além disso, carros foram queimados e conflitos com a tropa de choque da PM ocorreram por várias horas. O céu do bairro ficou riscado de rojões e fogos de artifício usados por um grupo de vândalos.
“Aquela manifestação, no meu entendimento, foi totalmente sem sentido, porque a Prefeitura recebeu as lideranças”, disse Almeida nesta quarta (21).
“Foi uma tragédia perto de um Aeroporto; aquilo é vandalismo, aquilo não é maneira de reivindicar; maneira de reivindicar é o que a comissão fez durante a semana”, acrescentou o prefeito durante a inauguração Espaço Guarulhos no Aeroporto.
Ao negar envolvimento, o vereador Elmer Japonês disse que também se surpreendeu com a violência do tumulto.
“O que aconteceu é que a Prefeitura tinha anunciado que ia pavimentar somente uma das sete ruas, o que causou indignação nos moradores. Quando a reunião terminou, estava tudo certo; ninguém imaginou que ia acontecer aquilo”, disse Elmer.
“Essa pavimentação é um pedido antigo dos moradores, tanto que eu pedi que fosse usada a emenda parlamentar de R$ 381 mil disponível aos vereadores para ser feita a pavimentação no local”, acrescentou.
Eduardo Barreto disse desconhecer os motivos do tumulto. Reiterou que “jamais” pisou na região do Jardim Marilena e que só apoiou os protestos contra o fechamento da ponte sobre o Baquiriu.
“A manifestação que eu organizei foi pacífica, eu nem sei de onde surgiu o meu nome nessa história; sou totalmente contra esse tipo de violência”, disse Barreto.
Responsável pelo policiamento da área, o comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar, coronel Italo Cauzzo, disse que não há nenhuma investigação aberta sobre o caso.
Segundo ele, registraram boletins de ocorrência apenas aqueles que se sentiram “lesados” pela manifestação.
Veja na íntegra da entrevista com o prefeito:
Diário de Guarulhos: Como o senhor avalia a manifestação do Jardim Marilena por pavimentação, já que a Prefeitura tinha dito na sexta que faria o asfalto das ruas que faltam em até 30 dias?
Almeida – Primeiro, é importante dizer o seguinte: o Marilena, quando eu assumi meu primeiro mandato, tinha duas ou três ruas pavimentadas. A grande maioria do Marilena hoje já está pronta, e a maioria delas (das ruas) foi feita no meu primeiro mandato. Nesse segundo mandato, nós tivemos alguns problemas com questões judiciais, mas isto já está superado.
Durante a semana recebemos a comissão de moradores, assumimos o compromisso de retomar, inclusive, o sistema de mutirão pavimentando as cinco ou seis ruas que estavam faltando. Aquela manifestação, no meu entendimento, foi totalmente sem sentido, porque a Prefeitura recebeu as lideranças, firmou o compromisso, e mesmo assim fizeram uma manifestação. Foi uma tragédia, perto de um Aeroporto. Aquilo é vandalismo, aquilo não é maneira de reivindicar. Maneira de reivindicar é o que a comissão fez durante a semana. Firmamos um compromisso, e mesmo assim teve o protesto.
DG -O senhor acha que teve alguma incitação política no caso?
Almeida – Com certeza! Tem dois vereadores envolvidos nesta questão. Nós estamos apurando e vamos ver o desfecho final.
DG – Um dos vereadores seria o Elmer Japonês?
Almeida – Não sei, tem dois, estamos investigando. E alguém tem de ser responsabilizado. Nós não podemos ter um aeroporto desse tamanho aqui com gente mirando para aeronave. Em que país nós estamos? Parlamentar usar seu mandato para esse tipo de coisa é crime, nós não podemos permitir.
DG- Qual seriam as medidas contras esses vereadores?
Almeida - Não sei, nós vamos verificar o grau de participação desses vereadores que estão sendo investigados. E, se for comprovado a participação deles, alguma providência não é possível que não tenha nesse País.
DG – Isso é uma investigação interna da Prefeitura ou tem investigação da polícia?
Almeida – Não, não, não. A polícia está encaminhando seu inquérito e fazendo sua apuração. E nós também estamos conversando com outras pessoas para saber de quem partiu aquele tipo de iniciativa, visto que já era um caso que estava praticamente resolvido.
DG – Na reunião de sexta-feira sobre a pavimentação do bairro, algum vereador participou?
Almeida – Teve vereador que participou, inclusive com associação de moradores.
DG- Qual vereador? o senhor pode falar?
Almeida – Se não me engano, o vereador Elmer Japonês.
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