Um novo escândalo envolvendo jornalistas e o Palácio do Planalto obrigou a presidente Dilma Rousseff a considerar "inadmissível", neste sábado (9), o uso de computadores do governo para adulterar perfis de seus críticos na internet.
O caso envolve dois dos mais conhecidos comentaristas de economia do País, Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg, ambos da Globo.
Segundo o jornal "O Globo", a rede de computadores do Palácio do Planalto e do Serpro (o serviço de processamento de dados do governo) foi usada para manipular os perfis dos dois jornalistas na enciclopédia virtual Wikipédia.
IPs (assinatura eletrônica) de computadores do governo foram usados para acrescentar informações depreciativas contra os dois jornalistas.
Diante do caso, a presidente reagiu. "Isso é absolutamente inadmissível por parte do Planalto, do governo federal, ou por parte de qualquer governo".
"Nesse caso específico, é algo que quem individualmente quiser fazer que o faça, mas não coloque o governo no meio”, acrescentou.
Dilma participou de evento de sua campanha eleitoral em Osasco, na Grande São Paulo.
Disse que determinou à Casa Civil uma investigação sobre o caso com a participação do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), do Ministério da Justiça, da Polícia Federal, da Secretaria-Geral da Presidência e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Segundo o "Globo", os perfis dos jornalistas foram alterados, em maio do ano passado.
O jornal informa que descobriu que foram os IPs do Planalto e da Serpro que fizeram as mudanças graças ao programa desenvolvido por um jovem especialista em internet de18 anos, morador em Natal (RN),
Ele adaptou para o Brasil um programa americano que identifica de onde partiram mudanças de perfis na Wikipédia.
A Wikipédia é uma enciclopédia virtual cujos verbetes podem ser ajustados ou corrigidos livremente pelos usuários.
A manipulação dos perfis dos jornalistas por funcionários do governo provocou protestos da Abert (que reúne as emissoras de televisão e rádio), da Associação Brasileira de Imprensa e até da Federação Nacional dos jornalista, normalmente alinhada com o governo,
É o segundo episódio de constrangimento a jornalistas por parte de governistas, em pouco mais de um mês.
Em junho, o vice-presidente do PT. Alberto Cantalice, divulgou uma "lista negra" de jornalistas que, segundo ele, seu partido consideraria hostis.
Entre eles, estão alguns dos mais importantes comentaristas políticos do País, como Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli e Arnaldo Jabor.
Dilma lembrou que já teve o seu e-mail invadido. “Foi pirateado, a minha conta era UOL. Abriram meu e-mail", disse, referindo-se a um episódio durante a campanha de 2010.
"Eu repudio integralmente esse tipo de ação, como o fiz diante de todos os vazamentos", concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário