domingo, 24 de agosto de 2014

Entenda o conflito envolvendo o Estado Islâmico na Síria e no Iraque

Entenda o conflito envolvendo o Estado Islâmico na Síria e no Iraque

Grupo sunita causa onda de violência ao tomar áreas do Iraque e da Síria. 
Os sunitas são a corrente majoritária do Islã, mas minoria no Iraque.

Uma onda de violência começou nos últimos meses no Iraque e na Síria, quando o grupo muçulmano extremista Estado Islâmico (EI) passou a tomar importantes cidades e anunciou que pretende levar a batalha até a capital iraquiana, Bagdá.
O avanço dos rebeldes causou reação internacional, e os Estados Unidos decidiram fazer bombardeios para combater os militantes do EI.
Entenda quem são os personagens envolvidos no conflito:
Estado Islâmico (EI): Grupo muçulmano extremista fundado em 2004 no Iraque, inicialmente como um braço da rede terroristaAl-Qaeda– com o qual romperia posteriormente. Até recentemente, o grupo era conhecido como Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL, ou ISIS na sigla em inglês).
Islâmicos sunitas, seus militantes consideram os xiitas, grupo predominante no Iraque, como infiéis que merecem ser mortos e afirmam que os cristãos têm que se converter ao Islã, pagar uma taxa religiosa ou enfrentar a pena de morte.
Seu objetivo é criar um Estado muçulmano que inclua as zonas sunitas do Iraque e da Síria. A violenta ofensiva do grupo tem apoio de sunitas descontentes com o governo de Bashar Al-Assad na Síria e também com o governo iraquiano xiita.  
Sunitas e xiitas são duas correntes rivais do Islã e inimigos há séculos. O Iraque já teve vários conflitos e atentados envolvendo extremistas desses dois grupos.  
Sunitas: É o nome dado aos adeptos da corrente majoritária do islamismo. Constituem maioria em quase todos os países muçulmanos, menos Irã e Iraque. O nome tem origem no fato de aderirem à "Suna", livro que conta a vida de Maomé.
Originalmente, os sunitas teriam uma interpretação mais flexível dos textos sagrados e adaptariam sua crença ao tempo em que vivem. Sua ação política e religiosa é marcada pela conciliação e pragmatismo, com o diálogo entre povos e religiões. Porém, os sunitas do Estado Islâmico são radicais e têm adotado uma conduta violenta no conflito.
Muçulmanos xiitas afegãos flagelam as próprias costas durante procissão Muharram, em Cabul, relembrando a morte do Imã Hussein no século VII. (Foto: Omar Sobhani/Reuters)Xiitas em ritual de flagelação no Afeganistão.
(Foto: Omar Sobhani/Reuters)
Xiitas: A minoria xiita acredita que a adoção de princípios rígidos na vida garantiria o retorno do último descendente direto de Maomé para governar a humanidade.
A rivalidade entre sunitas e xiitas tem origem na disputa sucessória após a morte de Maomé (632 d.C.). Os sunitas reconhecem somente a ascensão de líderes religiosos escolhidos pela população islâmica.
Já os xiitas acreditam que somente descendentes do profeta Maomé podem ser líderes legítimos do islamismo. O governo do Iraque é xiita, e a maioria da população do país também.
Jihadistas: Os militantes do Estado Islâmico são chamados de jihadistas, nome dado aos integrantes da jihad, termo traduzido no Ocidente como “guerra santa”.
A palavra, originalmente, tem um significado mais espiritual, porém com o tempo passou a ser usado para designar a ação de grupos que pegam em armas com o objetivo de impor um estado islâmico ou para lutar contra aqueles considerados inimigos do Islã.
Na Idade Média, quem liderava a jihad era o califa. No atual conflito no Iraque, Abu Bakr al-Bagdadi, o misterioso líder do Estado Islâmico, foi designado por seu grupo como o "califa de todos os muçulmanos", em 29 de junho. Com sua ofensiva na fronteira entre Iraque e Síria, se tornou um dos jihadistas mais influentes do mundo. 
Yazidis: São uma minoria de língua curda e que segue uma religião pré-islâmica. Injustamente chamados de "adoradores do diabo" por terem uma crença diferente, vivem em pequenas comunidades isoladas no Iraque, na Síria e na Turquia.
Com o avanço dos jihadistas na região de Sinkhar – reduto histórico desta minoria – um grupo de yazidis se viu obrigado a fugir para as montanhas no noroeste do Iraque, onde ficou isolado sem água nem comida. Segundo a Unicef, 40 crianças yazidis já morreram em ataques dos jihadistas do Estado Islâmico.
Curdos se fortificaram contra os insurgentes sunitas; tomada de cidade estratégica foi comemorada (Foto: AFP)Combatente curdo em ação contra insurgentes
sunitas no Iraque. (Foto: AFP)
Curdos: Os curdos são um povo original da região do Curdistão, que inclui áreas da Turquia, Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão.
Entre os dias 2 e 3 de agosto, o Estado Islâmico invadiu várias zonas sob controle dos curdos nas proximidades de Mossul, cidade do norte do Iraque.
Os jihadistas também assumiram o controle de Sinjar, a 50 quilômetros da fronteira com a Síria, expulsando quase 200.000. 
Para retomar seus territórios, os peshmergas (como são chamados os combatentes curdos) do Iraque, Síria e Turquia iniciaram uma ofensivacontra os jihadistas do Estado Islâmico.

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