Isso porque, na tarde de ontem, o Operador Nacional do Sistema Elétrico, um órgão federal, divulgou ontem uma dura nota contra o governo paulista e a Cesp, prevendo colapso do abastecimento de água não apenas em regiões de São Paulo, mas também em municípios de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
O alerta se deve ao fato de Cesp ter reduzido a vazão de algumas de suas usinas, favorecendo o abastecimento de água para consumo humano em determinadas regiões de São Paulo. De acordo com o governo paulista, a prioridade na gestão de recursos hídricos deve ser o consumo humano e não a geração hidrelétrica, que pode ser substituída por outras fontes, como as termelétricas. Mas para ao ONS, se a vazão não for imediatamente aumentada, a Cesp sofrerá pesadas multas. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica também defende o aumento da vazão para as usinas hidrelétricas.
A questão é técnica e complexa e tem claros impactos políticos. Reportagem publicada hoje pela Folha de S. Paulo aponta que a prioridade da água para o consumo humano só pode ser oficializada pelo poder público quando a estiagem é oficial. Ou seja: Alckmin e prefeitos de várias cidades deveriam decretar situação de emergência em São Paulo. Além disso, o Ministério Público Federal defende que o racionamento seja implantado desde já no estado.
O problema é que a decisão teria efeitos políticos imediatos. Se as eleições fossem hoje, Alckmin seria reeleito, no primeiro turno, de acordo com as pesquisas. Um fator que poderia alavancar seus dois principais adversários, Paulo Skaf, do PMDB, e Alexandre Padilha, do PT, seria a percepção maior, na sociedade, de que a crise da água se instalou de vez em São Paulo.
O plano de Alckmin é atravessar o período eleitoral utilizando o chamado "volume morto" do sistema Cantareira e chegar até o período de chuvas, quando obras já iniciadas pela Sabesp interligarão bacias hidrícas do estado. Haverá tempo para isso?
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